domingo, 19 de janeiro de 2014

CANNABIS LEGALIZADA. E AGORA?



A legalização da maconha é um assunto polêmico. Em regra, quem apoia canabisa. Ainda que não canabise, o coletivo rotula como maconheiro e ponto. Algumas pessoas manifestam verdadeiro pânico acerca das suas consequências. Alegam que muitos jovens poderão se entregar ao vício pelo acesso facilitado à droga.

As justificativas políticas que levam os países a adotarem a medida são várias. A principal motivação é, sem dúvida, econômica. O alto custo dos tratamentos e seus ínfimos casos de sucesso, bem como o combate à criminalização (policiamento, sistema judiciário, carcerário,...) são exemplos de gastos exorbitantes do dinheiro público que não surtem os resultados minimamente esperados. Mesmo exorbitantes, tais gastos não se comparam à arrecadação tributária que advém da legalização da maconha. Há países em que a arrecadação de impostos será quatro vezes maior do que os gastos com tratamento e combate ao uso. Isto é incontestavelmente decisivo para a adesão dos governos!

Tanto o apoio dos usuários quanto o pânico dos que combatem a legalização apenas servem de base para as justificativas políticas. O fato é que a adesão dos países deverá crescer rapidamente, seguindo o modelo dos que inovaram.

Mas “e agora”? Cannabis legalizada, jovens tendo livre acesso, a indústria estimulando o consumo, os cofres públicos lucrando fortemente com o vício,... é o caos? Depende. Talvez seja o divisor de águas.

É fato que a maconha é a porta para o uso de outras drogas. Mas o álcool também é e está legalizado há décadas. O cigarro idem. A propósito, li que “a partir de meados do século XX, o uso do cigarro espalhou-se por todo o mundo de maneira enérgica. Essa expansão deu-se, em grande parte, graças ao desenvolvimento da publicidade e marketing”, ou seja, levou 60 anos para a sociedade viver o processo de recepcionar o charmoso cigarro, aderir ao vício, adoecer, reconhecer que mata dolorosamente e aceitar as limitações impostas a quem ainda fuma, como as áreas restritas e as imagens chocantes nas embalagens.

Um dos efeitos mais conhecidos do cigarro é acalmar o fumante. E a maconha? Canabisar provoca, entre outras, a sensação de bem-estar. O sujeito fica bem, esquece os problemas, experimenta momentos de profunda satisfação pessoal. Se o efeito passa e os problemas voltam a perturbar, ele canabisa de novo e se resolve, adiando por mais um tempo. Apresenta-se, portanto, um ser inativo!

Como em tudo, há exceções. Deve haver os que conseguem conduzir suas vidas de forma aparentemente normal fumando uma cannabis aqui e outra ali, mas muitos usuários estão se tornando inativos. Prova disso são aqueles indivíduos pouco produtivos, sem iniciativa (ou que só têm iniciativa, mas pouquíssima “acabativa”), que as empresas dispensam mais facilmente, que nada na vida dá muito certo, que giram em falso quase que permanentemente. São inativos. Apenas isso! Sempre foram assim? Necessariamente não, mas se tornaram ou se tornarão.

Muito diferente do cara batalhador, que se preocupa em ser útil, tem sonhos, objetivos, almeja independência financeira, preserva a saúde, valoriza a boa aparência, os cuidados com higiene pessoal, demonstra ânimo para viver e garra para resolver os próprios problemas.

O inativo não possui tais características, não entende porque não as possui, tampouco sabe como adquiri-las. Na verdade, tudo isso sequer importa. Diante de qualquer cobrança ou pensamento que o incomode ou traga desconforto, a cannabis se apresenta como a solução.

Resta, portanto, a blindagem das crianças. Elas terão chances se forem bem informadas e formadas dentro de um contexto de consciência e humanidade que as conduza para a natural espiritualização, independentemente da orientação religiosa. Saber das causas espirituais que a todos envolvem e fortalecê-las a partir desta compreensão.

Os pré-adolescentes já podem fazer suas escolhas baseadas no que lhes é apresentado. Têm livre-arbítrio e informação, mas raros são os que receberam formação. A estes está reservada a difícil decisão entre se divertir ou se tornar responsável.

Nasceram para ser responsáveis e humanos, mas dependem do que aprenderam até aqui.

A diversão pelo uso da maconha é uma escolha sedutora que poderá encurtar vidas consideravelmente, basta observar o estrago feito pelo ciclo do cigarro. Por mais que o ciclo da maconha tenha um tempo ainda desconhecido, é certo que a cannabis entra para o modelo industrializado do cigarro, à mercê do mesmo capitalismo tabagista.

Encarar a legalização da maconha como um divisor de águas é ser espectador de um cenário inovador, através do qual os usuários passarão a ser conhecidos. Sairão dos becos e das bocas para se emprestarem ao aprendizado coletivo. Que aprendizado será este apenas saberemos quando o ciclo da cannabis se cumprir.

O planeta já experimentou pragas, inundações, tornados, tsunamis, vulcões em erupção, geadas, incontáveis fenômenos que exterminaram parte da população mundial. Guerras também fizeram e ainda fazem esse papel. Mas em todos esses casos, inocentes e desavisados morreram sem opção de escolha.

Vivemos a era em que a morte precoce será uma escolha. É a seleção natural sustentada no livre-arbítrio.

Créditos Imagem: Gettyimages

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